MARÍLIA MAISTER

Ela era linda, realmente linda, alta, elegante, um rosto belo, um sorriso encantador e dona de uma paciência que hoje sei, só os que realmente amam o que fazem possuem...
Falo da minha primeira professora, pelo menos a primeira que lembro, qdo entrei para a primeira série. Seu nome é Tania. Ainda nos falamos. Até hoje, passados 42 anos, ainda a vejo, visito, e com o mesmo olhar terno ela me abraça...
Pode existir algo melhor na vida do que amores sinceros?
Minha querida e adorável professora nos ensinava através de uma cartilha. Lembro até hoje, Marcelo, Vera e Faisca, contava histórias e a cada dia havia uma apresentação de uma nova letrinha, com teatrinhos e muita magia...
Meu Deus, ela não ficava braba nem qdo já cansada, me pegava pela mão e acabava finalmente me levando para a sala de aula onde minha mãe, tb professora, ministrava sua aula!
Lembro que me alfabetizei em poucos meses e lógico que acabava atrapalhando a aula, pois chamava meus coleguinhas de burros (horrivel, não?)
Pois bem, qdo nos encontramos, ela sempre diz que eu era muito inteligente e uma de suas melhores alunas, o que me enche de alegria, embora eu sempre brinque dizendo que emburreci ao longo destes anos. Rimos muito e nos abraçamos sempre. Somos vizinhas, quase, moramos bem pertinho e sempre que posso lhe telefono para agradecer por seu amor e dedicação, e tenho a certeza que graças principalmente a seu exemplo, eu tb quis ser professora, para que eu pudesse transmitir o mesmo amor que ela, minha querida primeira professora transmitiu para mim!
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JULIO MARIN

Na minha vizinhança, a gurizada já ia para escola, somente eu e a Ana Paula – minha prima e vizinha da mesma idade – que não. Engraçado, tínhamos quatro professoras que moravam em nossa rua. Claro, adiantado eu sempre fui, uma delas sugeriu que poderíamos ir sem compromisso, então comecei a ir na escola com 4 anos, e na minha cidade não tinha maternal, quer dizer, eu fazia a pré-escola com crianças dois anos mais velhas que eu.
Quando chegou a vez de eu fazer a pré-escola, não pude fazer por causa de alguns problemas. Deixando isso de lado, eu tive três professoras, no período dos 4 aos 7 anos, mas considero a minha primeira mestre a professora Roseli.

Mulher grande, a achava enorme na época, hoje, sou do tamanho dela. Tinha uma alegria imensa em viver, fazia mil atividades diferentes para a turma. Era um encanto aquela sala de aula, toda diferente, assim como ela, parecia uma casa de boneca.
Muitas coisas marcavam aquela mulher. Uma, que era temida por muitos, quem sabe pelo seu tamanho ou pelo seu jeito alegre de ser. E vejo como pessoas alegres têm problemas, sempre ficam duvidando dessa alegria, mas no caso dela, isso não tinha somente a ver com o estado de espírito, mas com a personalidade: viver com alegria, independentemente de qualquer problema. Quem sabe, esse foi um dos grandes ensinamentos dela.
A GRANDONA, como todos a chamavam, tinha um apreço pelos esportes, afinal sua formação superior era em Educação Física. Eu no caso, não tenho esse apreço todo, e ela notando isso despertou algo que me marcaria.

Um dia, ela me chamou e disse:
- “você não precisa fazer o que não gosta, você não precisa ser igual aos outros. Me diga do que você gosta?”
Nunca fui tímido nem nada, mas tem momentos em que simplesmente não conseguimos nos expressar, dizer o que pensamos, e este foi um deles. Não respondi e não sei o motivo.
Na semana seguinte, na segunda-feira, veio ela com uma proposta para a turma. Não lembro se era para a comemoração do 20 de setembro ou Natal, não lembro direito. Enfim, ela perguntou se gostaríamos de fazer uma dança ao invés de cantar, de encenar, ou coisa do tipo, que todos faziam nas apresentações para os pais.
Prontamente eu disse que seria maravilhoso. Todos me olharam com desagrado.

A Ana Paula disse que ia também, e assim as meninas começaram a dizer que topavam fazer a apresentação. Os outros meninos não.
Então a GRANDONA deu um jeito: fez eles de ajudantes, já que a dança era encenada digamos assim. Era um ritmo dance, e eu era o centro da dança, o único menino a rebolar ali.
Acontece que eu nasci em um lugar pequeno, interior de uma cidade, um vilarejo de aproximadamente mil habitantes. E para aquela gente um menino no meio das meninas... humm... um fuzuê danado. Até minha mãe foi falar com a professora e ela categoricamente disse:

- “tenho certeza que ele gosta muito de dançar”.
Da minha primeira professora só tenho lembranças boas, lembranças daquilo que me encaminhou para ser como sou. A vi pela a última vez ano passado e não sei se ela imagina o quanto é importante para mim.

Fico pensando: e se ela fosse diferente?
Se ela fosse como a maior parte das outras professoras que tive, que ao invés de incentivar as minhas atitudes diferenciadas me puniam com determinações e regramentos, sempre comparando o certo do errado?
E se ela fosse diferente ?...

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NORMA LUCIA

O meu primeiro professor foi o meu pai (homem "moderno" para a época em que viveu), que me alfabetizou em casa, nas manchetes dos jornais Diário de Notícias (da rede dos associados de Chateaubriand) e A Tarde, de Salvador. Eu tinha 4 anos de idade.
Logo a seguir fui à escola oficial. E a minha primeira professora foi Rita de Cássia. Garota de 18 anos, descendente de italianos, baixinha, branca de cabelos negros e lindos olhos azuis. A típica adolescente de Hollywood dos anos 50 do século passado, igualzinha às que a indústria do cinema "apresentou" ao mundo, sugerindo o "perfeito" modelo de vida americano..., mas isso aconteceu em Jequié, interior da Bahia, onde o cinema era prioridade no nosso currículo de entretenimento.
Esse imaginário hollywoodiano perseguia os meus sonhos infantis, porque o belo, que muito me atraía, eu estava aprendendo a ver também nesses filmes, através de lindas estampas, seja na harmonia de traços de lindos seres humanos ou de ambientes, e isso me levou a ter uma experiência bem agradável com a minha professora.
Nunca a chamei de professora, apenas Rita.
Nunca sofri reprimendas na escola, época em que corria solta a famigerada palmatória e os castigos atrás da porta... de quem é a responsabilidade? do meu pai? minha? sei lá...
Sem patrulhamento do politicamente correto, sei que tenho lindas lembranças da primeira professora, assim como de As neves do Kilimanjaro.
Sem saudô, nem retrô, apenas uma "discípula" de Chatô.
Quem subé...morre!!!

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